POEMAS

                         Obras protegidas pelas leis  do  direito autoral


    MICHAEL JOSEPH JACKSON
                                      Rejane Guimarães Amarante


Você surgindo na janela
Brilho intenso numa tela
Brilha nas noites chuvosas
Oculta por nebulosas
A Ciência e suas lentes
Apontam astros inexistentes
Estrela que se apagou
Poeira que o vento levou
Cósmica miragem,
Seguindo viagem,
Passado que brilha
Hoje à noite - maravilha!
Até você, eu rumaria
Seu calor, eu sentiria
Antes e depois de eu viver
O tempo não pode conter
Estrela da minha vida








                             BOLO  DE  FUBÁ
                                   Rejane Guimarães Amarante

Era sábado de frio e chuva
Eu quis fazer um bolo de fubá
Via a receita, faltava o fermento
Saí debaixo do temporal, não achei a calçada
Era água por toda a parte
Fui andando no meio da enchente
"se precisar, vou nadar,
mas compro o que falta"
Enquanto o bolo assava, faltou gás
Ficou cru por dentro
Fui fazer outro, mas o leite acabou
Era tarde, tive medo de sair
Respirei fundo "e vamos lá"
"Que venham todas as balas assassinas
Tanto faz, se forem dos bandidos ou da polícia
Nada me deterá, vou fazer meu bolo de fubá
Que venham todos os carros sobre a calçada
Que venha castigo do céu
Eu até prefiro que me mandem para o inferno
Lá, vou poder assar meu bolo de fubá
E quando eles chegarem, vão-me ver comendo
E não vou dar um pedaço para ninguém
O diabo me deixa em paz, prefere outra farinha"
Depois desse delírio, entrei no supermercado
Comprei o que faltava, saindo antes de o teto desabar
Afinal, terminei o bolo e, cansada, dormi
De manhã, uma amiga apareceu em casa
Ainda bem que ela não veio ontem
"__Aceita uma fatia de bolo de fubá?"



                                  1942
                                     Rejane Guimarães Amarante

Mil Novecentos e Quarenta e Dois
Papai Noel trouxe presentes, pois
Eram crianças, Nenê e seu irmão
Quem avisou foi o mais velho, Tião
Mal acreditaram no que viram
Quando aqueles pacotes abriram
Ambulância e carro de bombeiro
Grandes e feitos por um ferreiro
E neles amarraram barbantes
Largaram o que faziam antes
E separaram-se na calçada
A mãe olhava pela sacada
Para os garotos em suas esquinas
"Nossa, que dois moleques traquinas!"
Correndo e seus carros barulhentos
Os moleques não têm sentimentos
Sucedeu a desejável colisão
Tanto, tanto riram, Nenê e Tião
Assim fizeram várias vezes
Das esquinas, ficaram fregueses
Carros amassados, estragados
Alegremente realizados
Nenê e Tião, agachados no châo,
Foram atingidos por um avião
Feito de papel. do Luizinho.
O primogênito do vizinho
Como só eles tinham geladeira
Gelavam muitas frutas da feira
O garoto às vezes convidava
Afora, todo mundo falava
"Água geladinha, geladinha!"
A portuguesa era boa vizinha
Chamou os garotos para a morada
Degraus de mármore na entrada
"Muito bom beber água gelada"
Falava o Tião em bela morada
Pois em poucos dias esqueceram
Daqueles carros que receberam
Voltaram para as bolas de gude
Mais o rolemã (alguém ajude!)
Empinar papagaio no campo
Vários brinquedos pelo canto
Sentiram aroma tão gostoso
Mamãe fritou um ovo apetitoso
Quando ela colocou o ovo no prato
Tião pegou e correu como rato
Daí, Nenê saiu correndo atrás
Bem alto, gritava"Isso não se faz!"
Tião correu pela casa toda
Respondia "Pois que se exploda!"
Assim, entrou num quarto, pulou então
Embaixo da janela, seu irmão
E quase perdeu o prato, foi safo,
Escapou da mãe com o sarrafo
Correu para a sala de visita
Ali, então, o seu papai se irrita
Os passos apressados de Tião
Pelas tábuas de madeira do chão
Abafavam o som do rádio
"Opa, nossa casa não é estádio"
E Tião subiu na longa mesa
Moveu a lâmpada, pelo fio presa,
Passou pelo ombro e fez uma curva,
Nenê seguia na mesa turva
A lâmpada espatifou no queixo
Grita sua mãe "Assim eu não deixo!"
Diz o papai "Estás vendo, mulher,
Evidente, só não vê quem não quer,
Teus filhos não aprenderam a andar
Só, só, só sabem correr sem parar"
Enquanto a mamãe curava Nenê
Papai procurava Tião "Cadê?"
Ele ficou escondido no porão
Rápido, comeu o ovo e lambeu a mão