quarta-feira, 14 de abril de 2010

Obras publicadas

Carta para alguém que está no céu
publicado na antologia "O Sonho"
Casa do Novo Autor Editora, São Paulo, 1999


Milênio
Nota de Dez
Dia Diferente
publicado na antologia "Novos Talentos da Literatura"
Casa do Novo Autor Editora, São Paulo, 1999


Solstício de Verão
publicado na antologia "Pérgula Literária 4"
Editora Valença S.A., Rio de Janeiro, 1999


A Própria Hora
publicado na antologia "O Amor na Literatura"
Casa do Novo Autor Editora, São Paulo, 2000


Acesso Negado
publicado em "Poesias 2009 CNEC"
Edição CNEC - Unidade Capivari - SP, Capivari, 2009


"Até Breve!"
publicado em "Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesias 2009"
Virtual Books Editora

Michael Joseph Jackson
publicado na "Antologia dos Poetas Brasileiros Contemporâneos 87"
CBJE, Rio de Janeiro, 2012

MÁQUINA DE ESCREVER

A escrivaninha está repleta
E pode parecer completa
Junto à parede, encostada
Tão pequena, leve e acanhada
Está a máquina de escrever
Outrora, todos queriam ter
Está sem uso, mas guardá-la
Como devesse abandoná-la,
De uma vez, é muito custoso
Sempre, o desapego é penoso
Assim, com apenas um gesto
E por um avanço funesto
Transformada em peça de museu
E que a Tecnologia varreu
Símbolo da modernidade,
Também, da portabilidade,
Inegável utilidade,
Além, da versatilidade
Vai-se a pena, a folha seguinte
A História do Século Vinte
Registrou notícias, teses,
Mais casamentos e pêsames
E tudo ficou mais legível
Com uma rapidez incrível
E se são tantas as lembranças
Mulheres, homens e crianças
Nessa ordem, datilografaram
E seus trabalhos, rubricaram
Às mulheres, supremacia
Mestras da datilografia
Sem erros, toques por minuto
Agilidade e olhar astuto
E com belas unhas compridas
Cuidadas, multicoloridas
A perícia feminina
Como pode? Quem imagina?
E sinto o dever de escrever
Meu depoimento fazer valer
Para ti, fiel companheira
Pronta, diuturna parceira
Sempre lembro, não esqueço e nem vou
De quando nossa casa adentrou
Personal Computer, o tal
Tipo pretensioso, rival
E com seu estabilizador
Pareceu um tanto provocador
(Tem os nervos à flor da pele)
Há algo nele que me repele
Digo: "Que peça desprezível!"
E de tão moderno, incrível
Grande, pesado, ímã de pó
Exagerado como ele só
No tom " branco encarde rápido "
Frente a ele, com o olhar plácido
Ligar o moderno aparelho,
Deveras, sem pedir conselho,
Demandava um ritual _haja!
Enquanto inicia, viaja
Então, surgia no monitor
Numa tela tão nova e sem cor
Uma piscada intermitente
Correta, precisa, presente
A marcar, sem parar, a piscar
Silenciosamente, a contar
A fração de tempo perdido
Do que poderia ter sido
Atrasado pela indecisão,
Tolhido pela hesitação,
Desta inteligência lerda
Eu sou apenas mais uma nerda
Chamada de usuário, ora!
Esses novos termos de agora
E terminada a inusitada,
Manusear, escorregada,
Digitação do novo texto,
O trabalho noutro contexto,
No objeto de nova geração,
Abjeto autor de exasperação,
Toquei na tecla "enter", segura
E fui pega pela amargura
Impressora e uma novidade
Hoje, é quase uma raridade
"Formulário contínuo"
Mesmo no cômodo contíguo
E quando o papel enroscava,
Enviesado, manietava
O texto impresso e reimpresso
Estarrecida, num reflexo
Só puxando o plug da tomada
Frustrada, sem querer mais nada
Não hesitei por um instante
Com o meu coração pulsante
Para trabalhar só contigo
O computador é um castigo
Minha querida companheira
Só nós juntas, a dupla obreira
Porém, o tempo foi passando
E foi nas lojas, rareando
A fita que te alimentava
A cada dia, escasseava
Bem merecias um pedestal
Uma réplica feita em cristal
Ingratos, todos tecnólogos
Fotos, músicas, filmes, jogos
Levaram para o computador
Ficaste de lado sem rancor
Chamada de multifuncional
Só desprezo por um ancestral
A um fio _ conexão _ acorrentada
Periférico, foi ultrajada
Plagiaram o teu princípio
"Gênios" do Vale do Silício
a s d f g  e mais o quê?
ç l k j h e quem não vê?
Mais arroba cibernética
Falsificação patética
Confesso, cúmplice antiga
De longa data, minha amiga
Que gosto do scanner, não nego
A ele, os documentos, entrego
Uso a impressora sob protesto
Ela sabe o quanto a detesto
Rogo aos deuses da Informática
Versados em Matemática
Um compartimento no notebook
E um empresário cutuque
Meio cento de papel sulfite
Mini Tonner e se permite
Imprimir daqui, de lá e já
E serve para quem faz mangá
E fazer a prece em japonês
Para ver se resolve de vez
O tempo não apaga, consagra
Qualquer exemplo que se traga
O rádio não foi superado
Ao contrário, foi convocado
Nas trevas da eletricidade
E no breu, sem atividade,
Tocando bela melodia,
O rádio nos fez companhia
Ornaria o encanto ambiente
A chama acesa de uma vela
Não fosse invadido à janela
Pelo brilho dourado ao luar
Lua cheia para iluminar
A pena foi posta num altar
Elegantes canetas de ouro
Ainda, tinteiro e decoro
Substituirão o papel, dizem
E em exíguo tempo, analisem
Jornais, processos, livros, cartas
Pastas, bibliotecas fartas
Hão de convir, tem um limite
E quem duvidar, acredite
A falha ocorrerá, e frequente
Como tudo feito por gente
E quando acontecer, veremos
Nossas velas acenderemos
Como não haverá outro meio
Escreveremos no teu seio
Minha companheira adorada
"muitos beijos, beijos, beijos, TRIIIM..."
Ah!

[Minha companheira adorada
 Muitos beijos, muito obrigada]

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Autora  -  REJANE GUIMARÃES AMARANTE
*obra protegida pelas leis do direito autoral